sábado, 12 de abril de 2008

Inpe investiga no Sudeste fenômeno 12 vezes mais poderoso do que o raio normal



Na ficção, Stan Lee criou a Tempestade, a integrante dos X-Men com o poder de controlar raios e trovões. Na realidade, a personagem vivida no cinema pela estrondosa Halle Berry é totalmente dispensável, já que a própria natureza se encarrega de criar fenômenos como o dos super-raios. Essas pouco conhecidas descargas elétricas de alta intensidade e grande poder de destruição foram o tema de um estudo inédito no Brasil sobre a sua ocorrência no Sudeste.

Conduzido pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Elat/Inpe), o trabalho, que buscou também identificar as condições meteorológicas favoráveis ao seu surgimento, vai ser apresentado no final do mês na Conferência Internacional sobre Raios, em Tucson, nos Estados Unidos.

— Os super-raios são raros se comparados com os raios normais, mas sua força é enorme, com alguns atingindo a intensidade de mais de 500 mil ampêres, quando um raio normal tem, em média, 40 mil ampêres — revela Osmar Pinto Júnior, coordenador do Elat.

No estudo, utilizando dados da rede brasileira de monitoramento de raios — o Elat conta com mais de 50 sensores espalhados pelo país, a terceira maior rede do planeta — descobriu-se que ocorreram cerca de 500 super-raios no país em quase dez anos.

— A idéia principal do trabalho era saber onde eles ocorrem com mais freqüência e se existem condições propícias ao seu surgimento. São os primeiros passos para que possamos, no futuro, entender melhor esse fenômeno tão pouco estudado, e nos prevenir também, claro.

Poder destrutivo que supera proteções

O Sudeste foi escolhido por ser a região onde caem mais raios no Brasil, que, por sua vez, é o país com a maior incidência de descargas elétricas do mundo. Por aqui, os raios causam prejuízos anuais de cerca de R$500 milhões, além de deixar, em média, cem mortos e 500 feridos. De acordo com um outro levantamento feito pelo Elat, foram registradas 46 mortes por raios em 2007 no Brasil.

— Em relação às mortes, os superraios não são nem tão críticos, já que num ser humano todo raio causa um forte impacto — explica o pesquisador. — Mas do ponto de vista de proteção, existe uma diferença brutal.

De acordo com Osmar Pinto Júnior, quase sempre os super-raios superam as proteções existentes.

— Já tivemos relatos de danos muito grandes em fábricas e prédios cujos pára-raios não conseguiram suportar o impacto desses super-raios. Mas em função da sua incidência relativamente pequena, não caberia propormos rever as normas de proteção para todo o país por conta de uma quantidade reduzida desses raios. O que queríamos era saber onde eles ocorrem para, aí sim, pensar em futuras proteções.

O trabalho revelou que a maioria dos super-raios, como era de se esperar, acontece no estado que mais recebe descargas elétricas no país: São Paulo.

— Mas a novidade foi descobrir que eles não acontecem nas áreas urbanas, Nenhum super-raio foi registrado na Grande São Paulo — conta o coordenador do Elat. — Eles ocorrem em sua maioria no interior, mais próximo a Campinas e daí em direção ao oeste do estado.

Já o Rio de Janeiro foi atingido por apenas sete raios nesse período, sendo que quatro aconteceram, como em SP, no interior do estado.

— Apenas dois foram registrados próximos à cidade do Rio — diz Osmar Pinto Júnior.

Queimadas podem causar o fenômeno

O estudo do Elat/Inpe mostrou que tais fenômenos não ocorrem aleatoriamente e sim em associação com as frentes frias.

— Foi uma revelação interessante. Descobrimos também que os super-raios acontecem em formações em que há nuvens muito altas — conta o pesquisador. — Trata-se de um dos primeiros trabalhos no mundo a fazer esse tipo de associação meteorológica. Graças a isso, podemos agora voltar ao passado e rever casos, não estudados, em que, possivelmente, ocorreram super-raios.

Uma das próximas seqüências do trabalho, revela Osmar Pinto Júnior, é tentar descobrir o que faz com que os super-raios se concentrem naquela região.

— Nesse sentido, ainda estamos no terreno da hipóteses — revela. — Mas uma das mais interessantes hipóteses que temos liga os super-raios às queimadas de cana-de-açúcar. Aquela região tem uma grande incidência de queimadas. Será que toda aquela fumaça e ar quente lançados na atmosfera fazem com que as tempestades fiquem mais intensas? Essa é uma das questões que temos que resolver daqui para a frente.





Fonte: *Jornal O Globo (9/4) / Portal do Meio Ambiente.

Líder indígena leva mapa do desmatamento ao Google

O Google está prestes a colocar na internet, com acesso aberto, mapas detalhados da devastação na floresta Amazônica. A iniciativa surgiu após um pedido de ajuda do líder indígena Almir Suruí ao Google Earth para mapear a terra de sua tribo e, assim, protegê-la do desmatamento. A tribo fica no município de Cacoal, em Rondônia, e faz parte da Terra Indígena Sete de Setembro.

Em entrevista, a diretora dos programas do Google Earth, Rebecca Moore, disse que ainda neste ano o site terá os mapas, que ficarão disponíveis para qualquer internauta. A iniciativa deve lançar ainda mais pressão sobre o governo, já que qualquer pessoa poderá acompanhar onde a floresta está desaparecendo. Atualmente, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe, órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, já publica na internet imagens de satélite de desmatamento na Amazônia. Porém, elas estão “brutas”, o que pode dificultar a visualização e o entendimento pelos leigos.

Tanto para a tribo dos índios suruís, de 1,2 mil habitantes, como para o Google a iniciativa é considerada “histórica”. O Google Earth é um serviço de imagens de satélite e mapas via internet acessado diariamente por milhões de pessoas. O pedido foi feito há cerca de um ano e, agora, a empresa diz estar prestes a concluir seu trabalho de mapeamento, mas não divulgou de qual satélite utilizará as imagens. “O Brasil será um local estratégico. Imagine o quanto poderia salvar em termos de florestas com essas imagens”, afirmou Rebecca.

Nesta terça-feira, 8 de abril, o Google colocou no ar imagens e textos em inglês dos esforços do líder Almir Suruí em sua tribo. “Podemos ver como as terras desses indígenas estão cercadas de desmatamento”, disse Rebecca. Entre as informações no site, está a constatação de que nos últimos cinco anos, 11 líderes indígenas na região foram assassinados. Almir, segundo o Google, estaria obstinado com a missão de salvar seu território, colocando correntes e barreiras para evitar invasões.

ONGs

Nesta quinta-feira, 10 de abril, o índio estará em Londres e será a estrela no anúncio do Google de seus novos projetos de mapeamento no mundo. “Almir foi escolhido como um dos 35 personagens identificados no mundo e que podem ser considerados como heróis na defesa dos direitos humanos”, disse Rebecca. A empresa, porém, afirma que não vai se limitar a colaborar só com Almir Suruí. “Temos um número importante de ONGs nos procurando para saber como podem mapear áreas na floresta para fortalecer o controle e evitar o corte das árvores. Estamos estudando uma série de projetos nesse sentido”, afirmou a executiva.





Fonte: Portal do Meio Ambiente / AMDA / Portal Uai/Agência Estado.