sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Ingrid Betancourt: "Lula sempre agiu discretamente"


A franco-colombiana Ingrid Betancourt está em viagem pela América Latina. Nesta sexta-feira, em São Paulo, a ex-refém das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), declarou:

- Vim ao Brasil agradecer o presidente Lula por um só motivo: por haver me mantido em seu coração.

Ela disse que agradece ao presidente brasileiro porque falou dos seqüestrados quando isso era "politicamente incorreto", em um momento em que se acreditava "que isso estava dando publicidade às Farc". Ingrid disse ainda que o presidente Lula sempre atuou pelos seqüestrados "de uma maneira discreta".

- Esses atos de humanismo criam vínculos afetivos muito fortes (...) Agradeço a ele, mais que como amiga, como irmã.

Ingrid narrou ainda:

- Estava na selva quando escutei que Lula ofereceu o território brasileiro para uma reunião entre o governo Uribe e as Farc em momentos que não havia espaço. (...) Quero agradecer pelo passado, o presente e o futuro, por tudo o que (Lula) vai fazer.

Betancourt falou de um "ano negro" para as Farc, que se encontram "desvertebrada", e mencionou exemplos como a morte dos comandantes Raúl Reyes, Iván Ríos e Manuel Marulanda, assim como a Operação Xeque, em que foi resgatada com outros seqüestrados, e a fuga do congressista Oscar Tulio Lizcano: "Espero que dentro deste ano negro as Farc encontrem um espaço de reflexão".

Mais cedo, a ex-senadora encontrou-se com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva pela primeira vez no País desde que foi libertada.

O presidente, durante o encontro em São Paulo, defendeu a libertação de todos os reféns em poder da guerrilha. "As FARC têm uma grande chance de acreditar na democracia e no jogo da política", argumentou.

Lula mencionou que os governos de Rafael Correa (Equador) e Hugo Chavez (Venezuela), como o dele, chegaram ao poder pela via democrática. "Não se ganha eleição seqüestrando pessoas", afirmou.

Na segunda-feira, Betancourt desembarcou no Equador, onde esteve com o presidente Rafael Correa. Em seguida, voou rumo a Buenos Aires para reunir-se com Cristina Fernández de Kirchner.

Na quarta-feira, a franco-colombiana reuniu-se com a presidente chilena, Michelle Bachelet. Ontem, Betancourt já estava em Lima, onde encontrou-se com o presidente peruano Alan García.

Seis anos de cativeiro

No dia 23 de fevereiro de 2002, a então candidata presidencial da Colômbia foi seqüestrada pelas FARC, junto de sua assessora, Clara Rojas.

Betancourt esteve refém dos guerrilheiros até o dia 2 de julho deste ano, quando o Exército colombiano, através da Operação Xeque, libertou a ex-senadora e mais 14 reféns.

Terra Magazine