sexta-feira, 27 de junho de 2008

FUÁ COM BATUQUE E VIDÁGUA

O Instituto Ambiental Vidágua vai participar neste domingo, dia 29, do evento promovido pela iniciativa cultural Fuá com Batuque, em Bauru, que tem como principal objetivo resgatar raízes musicais, através de grupos da região.

Desta vez quem se apresenta é o grupo Noz Moscada.

A equipe do Vidágua vai realizar um plantio simbólico de mudas nativas com os participantes e o expor materiais de divulgação, cartilhas, camisetas e sementes em um espaço durante a festa.

FUÁ COM BATUQUE E VIDÁGUA

QUANDO? Domingo dia 29
QUE HORAS? A partir das 16h
ONDE? Núcleo de artes Rômulo Cavalcante, que fica na Rua Newton Prado 8-100/ Bauru (atrás do Cemitério da Castelo Branco)
CONVITES? Com James Rodrigues pelo telefone 8133-9475


Aproveitem e visitem o blog Água e Floresta!
www.vidaguaefloresta.blogspot.com

quarta-feira, 25 de junho de 2008

segunda-feira, 23 de junho de 2008

COLIGAÇÃO “UNIÃO POR ITAPUÍ” LANÇA AMANTINI CANDIDATO A PREFEITO

Na convenção realizada no último sábado, dia 21, na Câmara Municipal de Itapuí, a coligação “União por Itapuí” (PSDB, PTB, PMDB e PDT) oficializou as candidaturas do jornalista José Eduardo Amantini a prefeito e do agricultor Adolpho Saggioro como vice da chapa majoritária. Ambos são do PSDB.

Na coligação proporcional, os quatro partidos formaram dois blocos. Um deles é formado pelo PSDB-PMDB, com a chapa completa de 18 candidatos a vereador, sendo 13 do PSDB e 5 do PMDB. O outro bloco da coligação “União por Itapuí” é formado por PTB-PDT e também deverá lançar chapa completa.

Em clima festivo, os presidentes das quatro legendas, José Eduardo Amantini (PSDB); Vandir Donizete Viaro (PTB); Adelson de Oliveira (PMDB) e Valdir Maia (PDT) abriram a convenção saudando os cerca de 150 militantes que superlotavam o plenário da Câmara Municipal. “Essa coligação é histórica e tem como objetivo resgatar a credibilidade e promover o desenvolvimento socioeconômico de nossa cidade, tão abalados nos últimos quatro anos devido à inércia e à incompetência da atual administração, se comparada com outras gestões públicas de municípios da região”, afirmaram os líderes partidários.

Prestigiando a convenção, o deputado estadual Pedro Tobias (PSDB) elogiou em seu discurso a dupla Amantini e Adolpho e a formação da coligação União por Itapuí. “Os dois são humildes, trabalhadores, sérios e homens públicos que vibram com as causas da cidade. Essa coligação demonstra o casamento perfeito da garra do Amantini com a experiência do Adolpho. Quem ganha com isso é a população, que terá uma administração ética e eficiente”, ressaltou Pedro Tobias.

Assessor especial do governador José Serra (PSDB), o coronel da PM Elizeu Éclair Teixeira Borges disse à dupla Amantini-Adolpho que as portas do Palácio dos Bandeirantes estarão abertas para ambos conseguirem recursos para Itapuí. “Sabemos das reais necessidades desta hospitaleira cidade e tenho plena convicção que essas duas lideranças políticas, com o total apoio do governador Serra e do deputado Pedro Tobias, farão uma administração exemplar aqui em Itapuí”, disse o coronel Éclair Borges, um dos convidados especiais da convenção da coligação União por Itapuí.

O evento também foi prestigiado por outras dezenas de lideranças políticas, empresariais e comunitárias de Itapuí e região, entre elas destacam-se : o coordenador regional do PSDB, Antonio Aparecido Serra; os vereadores Marcelo Borges (PSDB-Bauru) e Luiz Gonzaga Febraro (PV-Bariri); a dirigente regional de ensino de Jaú, Gersoni Mercaldi; o superintendente da Associação Hospitalar de Bauru (AHB), Reinaldo Rocha; o médico oftalmologista Ricardo Berriel e sua esposa, a arquiteta Lúcia Berriel; o presidente do PR de Itapuí, José Antonio Gonzaga; os ex-prefeitos Sylvio de Almeida Prado Rocchi e João da Silva Fonseca, além do presidente da Associação de Moradores do bairro Mar Azul, Benedito Onofre Raimundo; da líder do PTB local, Cleuza Regina Souza de Freitas Nascimento e do empresário Guido Lanza.

No encerramento da convenção, o candidato a vice-prefeito da coligação União Por Itapuí, o tucano Adolpho Saggioro elogiou o trabalho feito pelo companheiro José Eduardo Amantini à frente do PSDB e em benefício da população. “O nosso presidente organizou e mobilizou o PSDB, mantendo-o unido, forte e preparado para o novo desafio com as demais legendas aliadas. Além disso, o sério e competente Amantini conseguiu viabilizar muitos recursos para a nossa cidade junto ao nosso amigo e deputado Pedro Tobias. Tenho certeza que a população reconhecerá brevemente o trabalho constante do dedicado Amantini”, enfatizou Saggioro.

Em retribuição à lealdade e à sincera amizade de Adolpho Saggioro, Amantini disse que o companheiro, além de ser o pioneiro da avicultura em Itapuí, também já foi vice-prefeito e diretor municipal de esportes, tendo uma vasta experiência na administração pública. “Sua humildade e credibilidade também nos enche de orgulho em estar ao seu lado”, salientou Amantini.

Sobre o modelo de gestão que a dupla Amantini-Adolpho quer implantar em Itapuí, o candidato a prefeito disse que, caso sejam eleitos, farão uma administração transparente e participativa. “Queremos uma parceria efetiva com as entidades sociais, com a população mais carente e com o setor produtivo”, ressaltou Amantini ao lado do amigo e empresário Guido Lanza.

Vem aí um novo marco regularório para energia eólica no Brasil


Por Redação do Greenpeace

O potencial de países como o Brasil para a geração de energia por meio de fazendas eólica é gigantesco e o custo (financeiro e ambiental) bem menor do que o de fontes sujas como a nuclear.

São Paulo (SP), Brasil — Proposta foi feita pela Comissão do Meio Ambiente do Senado para ampliar participação na matriz energética brasileira.

A Comissão do Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) do Senado propôs na quinta-feira a elaboração de um novo marco regulatório para a energia eólica no Brasil até o dia 30 de julho. A proposta foi apresentada durante audiência pública sobre a ampliação da participação da energia eólica na matriz energética brasileira.

A elaboração do documento prevê a participação da Comissão Especial de Fontes Renováveis de Energia da Câmara dos Deputados, representantes do governo federal, estadual e municipal, a associação brasileira de energia eólica e entidades ligadas à pesquisa e à produção de energias renováveis.

"O Greenpeace vai acompanhar de perto esse trabalho para garantir que o marco regulatório seja ambicioso e impulsione o desenvolvimento da energia eólica no País", afirma o coordenador de campanhas do Greenpeace Brasil, Ricardo Baitelo.

"Este é o elemento fundamental para consolidar um mercado ainda insipiente no Brasil, mas que movimentou US$ 38 bilhões no mundo em 2007", completa Baitelo.

Confira aqui o relatório A Caminho da Sustentabilidade Energética, do Greenpeace, que analisa as políticas brasileiras para o mercado de energias renováveis e o panorama mundial do setor.

O marco regulatório pretende viabilizar o desenvolvimento da energia eólica no país.

"O aproveitamento do enorme potencial eólico será decisivo para a manutenção de uma matriz elétrica limpa e para a segurança energética do país. A geração hidrelétrica depende fortemente do regime de chuvas e durante o período de seca o país é obrigado a acionar termelétricas movidas a combustíveis fósseis para completar a geração. A geração eólica é mais forte justamente neste período e será decisiva para evitar as emissões destas termelétricas", explica Baitelo.

O Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês) viu com otimismo as últimas iniciativas brasileiras.

"Recebemos com alegria as notícias sobre iniciativas políticas desta semana para o desenvolvimento da energia eólica no Brasil. Tanto o encontro entre governadores e o Banco do Nordeste na segunda-feira, quanto o anúncio, na audiência da criação de uma comissão especial de energias renováveis para estabelecer o marco regulatório para a energia eólica são passos importantes", declarou Ramón Fiestas, representante do conselho.



(Envolverde/Greenpeace)

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Desgaste físico diário do cortador de cana é igual ao de maratonista


Pesquisadores da Unimep divulgaram dados prévios de um estudo sobre o corte manual da cana no interior paulista. Pela primeira vez se conduziu um estudo empírico sobre a ergonomia no trabalho do cortador. Em apenas 10 minutos esse trabalhador corta 400 Kg de cana, realiza 131 golpes de facão e flexiona o tronco 138 vezes. A extenuante jornada não conta com repouso e tenta garantir a sobrevivência das famílias dos cortadores. A reportagem é de Luiz Paulo Juttel e publicada pelo site comciencia, 02-06-2008.

“A conclusão que chegamos é que a condição física de um cortador de cana se assemelha a de um maratonista. Seus músculos são franzinos, mas sua resistência é elevada”, afirma Erivelton Fontana de Laat, coordenador da pesquisa. O estudo também aponta que muitos dos problemas de saúde que acometem esses trabalhadores são os mesmos a que estão sujeitos atletas de alto desempenho. Mas sob quais condições?

O principal fator de risco no corte da cana, de acordo com dados do estudo piloto realizado em maio, é a sobrecarga na atividade cardiorrespiratória do trabalhador. Através do uso de uma metodologia que levou em consideração aspectos como a freqüência cardíaca (em repouso, média e máxima), idade e produção diária em toneladas, Laat descobriu que seis dos dez trabalhadores analisados ultrapassaram o limite cardiorrespiratório tolerável à saúde. Alguns chegaram a picos de mais de 180 batimentos cardíacos por minuto. “O que acontece nos canaviais é semelhante a um atleta que ultrapassa o seu limite de treino. Ao invés de correr cinco quilômetros, ele tenta percorrer a distância de uma maratona todos os dias”, diz Laat.

Os resultados foram apresentados a procuradores do Ministério Público e do Ministério do Trabalho no seminário “Condições de trabalho no plantio e corte de cana”, que ocorreu no final de abril, em Campinas.

Temperatura e risco de lesões por repetição

Com o auxílio de um software francês, os pesquisadores analisaram a rotina de trabalho de um cortador que ao fim do dia havia cortado 11,54 toneladas de cana. Quando se amplia os dados obtidos em 10 minutos para um dia inteiro de trabalho chega-se a 3792 golpes de facão e 3994 flexões de coluna, o que representa um sério risco à coluna e articulações, segundo informa Laat.

O estudo da Unimep também tratou sobre o ciclo de atividades repetitivas do cortador. Em média ele precisa de 5,6 segundos para abraçar um feixe com cinco a dez varas de cana, puxar ou balançar, flexionar a coluna, cortar o feixe rente ao solo, jogar a cana em montes e progredir. “Estudos ergonômicos mostram que qualquer atividade laboral com ciclo de repetição inferior a 30 segundos possui grande risco de surgimento lesões”, afirma o pesquisador.

O sol é outro fator preocupante. Na medição feita em maio - que é um mês de temperatura agradável - o termômetro marcou a temperatura máxima de 27,40 graus Celsius no canavial. A média ficou em 26 graus. De acordo com a Norma Regulamentadora (NR) 15 do Ministério do Trabalho e Emprego, toda atividade laboral pesada realizada em lugares com temperatura ambiente entre 26 e 28 graus Celsius precisam de pausas de 30 minutos para cada 30 minutos de trabalho. Essa NR não é cumprida nos canaviais paulistas.

Laat comenta que, em sua pesquisa de campo, percebeu que a empresa contratante até indicava alguns momentos de pausa no trabalho através do som da buzina de um ônibus. No entanto, como não havia fiscalização sobre o cumprimento desta pausa, praticamente nenhum cortador largava seu facão para descansar, já que a pausa pode significar perda de produção e, portanto, de dinheiro.

Para a maioria dos procuradores presentes ao seminário de Campinas esse é o motivo dos trabalhadores suportarem tão duras condições de trabalho. O piso salarial da categoria é de aproximadamente 500 reais. Entretanto, como o pagamento varia de acordo com a produção individual, um bom cortador - um campeão como é chamado na lavoura - pode chegar a rendimentos mensais de 1200 a 1500 reais.

Para a grande maioria da massa trabalhadora do setor, formada principalmente por migrantes do Nordeste e Norte, tal valor é muito mais do que ganhariam em suas regiões natais. A extenuante jornada de trabalho é tolerada por homens que querem, a todo custo, garantir a sobrevivência de suas famílias. “Tem a questão emblemática também. Por exemplo, um cortador migrante que compra uma moto ao fim da safra de cana é visto como herói pelos mais jovens da sua região”, completa Laat.

Morte no trabalho

Entretanto, a luta frenética pela subsistência faz com que os cortadores não levem em consideração fatos como a morte de companheiros. Segundo a Pastoral do Migrante de Guariba, 20 trabalhadores rurais do setor sucroalcooleiro morreram de 2004 até agora. Os poucos que possuem o motivo da morte registrado no atestado de óbito apontam, principalmente, morte por parada cardiorrespiratória. Vários estudiosos e sindicalistas do setor dizem não haver dúvidas que essas mortes sofrem forte influência da rotina de trabalho mensurada agora pela equipe da Unimep.

O resultado final deste trabalho final será apresentado em 2009 e abordará outras questões como a poeira da queima da cana inalada pelos cortadores, a massa corpórea ganha ou perdida no decorrer da safra e a comida ingerida por esses trabalhadores. Os pesquisadores querem traçar um paralelo entre os dados quantitativos coletados e a qualidade de vida dos trabalhadores. Atualmente, um cortador de cana consegue trabalhar, em média, até os 35 anos, afirma Laat.

Um dos objetivos dessa pesquisa, de acordo com os seus idealizadores, é fornecer ao judiciário material científico crível que contribua com o julgamento de ações trabalhistas ou civis públicas referentes ao tema. Dessa maneira, eles acreditam que se pode caminhar na direção de um futuro laboral mais humano para aqueles que ajudam a garantir a energia do país.



Fonte: SGeral.

domingo, 8 de junho de 2008

Marina Silva começa como colunista da Folha

da Folha de S.Paulo, em Brasília

Menos de um mês após deixar o cargo de ministra do Meio Ambiente do governo Lula, a senadora Marina Silva (PT-AC) estréia como colunista da Folha.

Reconhecida como a principal voz da Amazônia, ela quer escrever sobre temas ligados ao desenvolvimento sustentável. "A coluna não será monotemática", afirma.

Maria Osmarina Marina Silva de Souza Vaz de Lima, 50, nasceu na Amazônia. Alfabetizada aos 16 anos, formou-se em história, cursou especialização em teoria psicanalítica, freqüentou aulas de direito e relações internacionais e termina agora curso de psicopedagogia.

Marina deixou a região de Breu Velho (AC) em 1975 e fez curso de alfabetização de adultos e supletivo. Ajudou a fundar a CUT (Central Única dos Trabalhadores) no Acre.

A atividade parlamentar começaria em 1988, como vereadora em Rio Branco. Em 1995, chegou ao Senado. Em 2002, foi reeleita para o atual mandato de senadora, mas saiu para assumir o ministério. Deixou o posto ao se ver sem apoio de Lula para enfrentar pressões do agronegócio contra o combate ao desmatamento.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Marina Silva: política ambiental se faz com o coração


Em entrevista concedida ontem ao Blog do Noblat (http://oglobo.globo.com/pais/noblat/), em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, a senadora Marina Silva (PT-AC) comemora as conquistas do Brasil na área ambiental e ensina: “Política ambiental não se faz com uma melancia na cabeça. Se faz com muito compromisso no coração, boas idéias na cabeça e uma boa capacidade ouvir”.



Comemoramos hoje o Dia Internacional do Meio Ambiente. O que a senhora comemora hoje e que há 15, 20 anos parecia um sonho impossível?
A grande comemoração que se pode ter usando o referencial da morte do Chico Mendes [em 1988] é a dimensão e a densidade com quê se trata hoje a questão da Amazônia. Há 20 anos, Chico Mendes era uma voz quase que isolada dizendo que a floresta era muito melhor em pé do que derrubada. De que era possível um processo de desenvolvimento que não era aquele de destruir a floresta para plantar capim e criar gado. Não tinha um envolvimento e o acolhimento dessa preocupação. A lógica era que tinha que transformar a Amazônia no Sul e no Sudeste. E os paradigmas que eram exportados de cá pra lá e importados de lá pra cá é que éramos atrasados porque éramos mato, e o Sul e Sudeste eram desenvolvidos porque não tinham florestas.

Se fosse me imaginar naquela época com idosos, crianças, 86 pessoas, como foi o caso do último empate que fizemos lá no Chapurí [município onde Chico Mendes foi assassinado], isso é um avanço abissal. Naquela época, a polícia estava ali para dar segurança aos fazendeiros, para que eles pudessem derrubar a floresta. Os seringueiros e os índios eram os mais vulneráveis. Hoje, 20 anos se passaram e você tem o Exército, a Polícia Federal, o Ibama, o ministério do Meio Ambiente, vários agentes do estado fazendo o empate institucional.

Hoje é um dia mais para se comemorar do que para lamentar então?
É um dia para se fazer as duas coisas. Comemorar as conquistas, que não são poucas. Hoje foi colocada uma equação para a humanidade e para o Brasil: como desenvolver com preservação dos recursos ambientais e como preservar com desenvolvimento? Essa equação não existia há 20 anos. É um dia para comemorar essa necessidade imperativa. E é um dia para se preocupar porque as condições efetivas para mudanças de paradigma para modelo de desenvolvimento ainda não estão colocadas. É a combinação de vários elementos de políticas públicas, da Academia, dos movimentos sociais, das organizações não-governamentais (Ongs), dos diferentes setores. A crise ambiental que se vive hoje no mundo deixou de ser um problema de ambientalistas. Virou um problema de todos. Querendo ou não, teremos que atravessar esse século tentando resolver essa equação.

Digamos então para os próximos dez anos, por onde o Brasil deveria se pautar para chegar a um nível excelente de modelo de desenvolvimento sustentável?
Diante da velocidade com que as coisas estão acontecendo, pensar em dez anos é um período muito grande em relação à velocidade dos problemas como eles se avolumam. São políticas que requerem um amadurecimento que não acontece da noite para o dia. Mas é fundamental ter a clara determinação de que estamos vivendo uma reflexão civilizatória: ou de fato produzimos mais com menos impacto na natureza, ou se a gente vai querer continuar a reproduzir nossa existência material causando mais malefícios à natureza. E aí vamos inviabilizar nossa própria existência.

Se eu penso numa perspectiva de dez anos, penso logo no enfrentamento das questões que levam ao aquecimento global, em mitigar os efeitos do clima e ao mesmo tempo criar mecanismos de adaptação às conseqüências que já estão em curso. Também em meios e estruturas de conhecimento técnico, de arranjos organizacionais nos mais diferentes níveis para enfrentar as vulnerabilidades, principalmente das pessoas mais empobrecidas de todas as regiões do planeta. E isso só se resolve com mudança de modelo de desenvolvimento, descarbonização das economias carbonizadas do mundo e a busca de economias limpas, no sentido de produção de energia renovável, e que o Brasil, se souber aproveitar, vai sair na frente.

Como podemos aproveitar então?
O Brasil tem 45% de matriz energética limpa. E ele deve continuar com uma economia descarbonizada, mas precisará de uma proposta de matriz energética que incorpore a diversidade. E não busque apenas alternativas que aparentemente possam parecer panacéias à primeira vista. Não apostar apenas em hidroeletricidade ou apostar em energia nuclear – que não se tem total solução para a questão dos resíduos ou da segurança -, mas buscar outros potenciais energéticos: energia eólica, solar.

Outro grande desafio é desvelar o desmatamento dos biomas em relação às emissões. 75% das nossas emissões vêm do desmatamento. Então, no caso do Brasil, esta é uma necessidade determinante: como enfrentar o desmatamento? Nos últimos três anos tivemos 59% de redução do desmatamento. Isso significou quase um bilhão de toneladas de CO2. Isso representa 14% de tudo que deveria ter sido reduzido pelos países desenvolvidos até 2012, desde o período de compromisso do protocolo de Kyoto.

Todavia, como não se andou na mesma velocidade o apoio às práticas de desenvolvimento sustentável, dos setores ligados à Agenda 21, agora com o aumento do preço das commodities, o aumento da estiagem, e o período eleitoral - que faz com que os governos estaduais não sejam solidários com as propostas do governo federal- , houve aumento do desmatamento. E que poderá levar o desmatamento a patamares indesejáveis em 2008. E logo após termos conseguidos uma conquista espetacular na preservação da Amazônia, da biodiversidade. Se o desmatamento da Amazônia tiver aumentando, todos nós perdemos.

A senhora fala de energias limpas. Os Biocombustíveis, que são a bandeira do presidente Lula no exterior já recebe críticas de que seria um dos vilões no aumento no desmatamento e no aumento da inflação dos alimentos. Daqui a pouco também teremos que frear alternativas que hoje são soluções?
Sem sombra de dúvidas. Essa é hoje uma grande oportunidade, mas não devemos deixar de reconhecer que um dia poderá ser uma ameaça. O Brasil tem tudo para lidar com uma Agenda só da oportunidade. Vai depender do zoneamento agrícola, de ter uma visão de não plantar cana de açúcar na Amazônia, vai ter que ter uma visão muito clara de que a produção de biocombustíveis não pode ameaçar a segurança alimentar, nem a proteção do Meio Ambiente. O Brasil não pode ficar resistindo à idéia de ter que certificar sua produção de biocombustível. Pelo contrário. O Brasil tem a oportunidade de ser o referencial. De colocar o paradigma. Biocombustivel será produzido no mundo como está sendo produzido no Brasil. Essa é a vantagem estratégica.

Depois de muita pressão do governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, o presidente Lula revogou parte da resolução do Conselho Monetário Nacional de proibir concessão de crédito oficial para municípios com alto índice de desmatamento do bioma amazônico – resolução essa que foi uma conquista da senhora. Não é frustrante ter acabado de sair do governo e ver suas decisões sendo criticadas pelo governador e revogadas pelo governo?
As coisas não são feitas em termos de pessoas. A minha saída não foi para desconstituir, foi para constituir. A pressão que estava vindo era mesmo para revogação das medidas, da retida dos embargues em área embargadas. Mas quando eu saí ainda não tinha nenhum texto em relação a essa resolução. Mas no dia que foi feito uma reunião interna no governo, na véspera da reunião com os governadores para o lançamento do PAS [Programa Amazônia Sustentável], o entendimento era que os agentes financeiros estavam com dificuldade de entender o alcance da portaria do ministério do Meio Ambiente.

Eles nos cobravam algum ato que deixasse isso claro, em relação às propriedades que ficavam dentro dos Biomas. Mas esse arranjo não foi feito comigo. E vale ressaltar que não foi revogada a decisão do Conselho Monetário, o que foi feito foi um ato é que são os próprios Estados – e isso a gente pode questionar, está sendo questionado - que devem decidir quais municípios estão dentro do bioma amazônico e quais não estão. Mas eles não podem fazer isso arbitrariamente. Existe um mapa ao qual devemos ficar alerta. Se esse mapa foi fraudado, qualquer um pode levar isso à Justiça. Todos nós temos que fiscalizar isso. O que ficou dito na reunião era que ficasse claro para os bancos. Apesar de que pra mim isso era até um preciosismo, porque a portaria já dizia que a regra valeria para os municípios que estavam 100% dentro da Amazônia.

O governador Maggi disse que se essa resolução do Conselho não fosse totalmente revogada influenciaria diretamente na alta da inflação no preço dos alimentos. Também é dele a afirmação de que “não é possível plantar sem derrubar a floresta”. Existe alguma verdade nessas afirmações?
Com certeza, para alguns setores que não estão pensando estrategicamente, a proteção da Amazônia, inclusive como parte de valorização do seu próprio empreendimento, sim. Existem aqueles que se movem pelo coração e pela razão. E pelo menos aqueles que não se movem pelo coração deveriam se mover pela razão, já que são pessoas muito inteligentes. Então, aqueles que não conseguem ter o alcance de ficar pensando no lucro fácil de dez anos, e sacrificando o lucro de milhares e milhares de anos, para eles, se não fosse essa argumentação, com certeza seria outra. Sempre vão arranjar uma argumentação para ser contra.
É claro que a crise dos alimentos é uma crise grave que deve ser tratada. Mas ela não se remete a um problema isolado do Brasil. O aumento do preço do petróleo, por exemplo, influencia toda a cadeia produtiva. Está colocado no mundo inteiro. E no caso do Brasil ele não pode render uma questão estratégica em curso.

Um programa que envolve três ministérios, governos estaduais, chegando a resultados incríveis de chegar a níveis de desmatamento de 17 anos atrás, quando tínhamos menos população, menos infra-estrutura e um baixíssimo, quase crescimento zero e comparar com uma realidade de 2007? As duas coisas devem ser resolvidas. Lamento muito porque eu trabalhei com o governador Maggi e o desmatamento no Mato Grosso tinha caído 72%. Esse não era o momento do governador, com a importância política e econômica que ele tem, sair da agenda de combater às práticas ilegais para ficar questionando as medidas. Essa agenda era para permanecer. Esse é um desafio de toda a sociedade.

A senhora sempre diz que a Amazônia está acima de nós. Está na hora de o Brasil correr atrás do prejuízo, investir mais na preservação da floresta, em fiscalização e controle, ou está na hora de perder o medo de falar em internacionalização da floresta?
Acho que a gente não tem sequer que discutir internacionalização da Amazônia. Esta questão não está colocada. Não há a menor hipótese em concordar com isso. Devemos, sim, é fazer cada vez mais e melhor nosso dever de casa. Às vezes você fica inseguro de deixar a porta aberta. Mas temos que fechar todas as brechas para não dar nenhum argumento de que não temos capacidade e compromisso se cuidar da Amazônia. A questão é ética. Os países desenvolvidos são interpelados pelo seu passado. Até me inspirei a falar isso numa entrevista que eu li de um psicanalista italiano chamado Contardo Calligaris, que ele diz que os Europeus são interrogados pelo seu passado, mas nós, os latino-americanos, somos interrogados pelo nosso futuro. Nosso passado é muito jovem. Em contrapartida temos todo o futuro pela frente. E podemos fazer diferente. E isso pode ser fundamental. Eles cometeram erros na preservação de seus biomas, mas não temos direito de reivindicar querer destruir os 60% que nós ainda temos.

A senhora deixou o ministério com a questão da política indigenista sendo criticada ora por militares da Amazônia, ora pelo próprio José de Anchieta, governador de Roraima, onde fica a reserva indígena Raposa Serra do Sol, homologada em área contínua pelo presidente Lula. O que significaria voltar atrás nessa homologação?
Um grande atraso civilizatório. O Brasil, quando os portugueses chegaram aqui, em 1500, eram cinco milhões de índios. Hoje são 400 mil. Eliminamos um milhão a cada século. Nem o povo judeu sofreu tal genocídio. Todavia, no Brasil ainda temos 220 povos. Recentemente saiu nos jornais fotos de populações isoladas no meu estado, o Acre. Isso é um tesouro, isso é uma vantagem civilizatória que qualquer país, qualquer povo mais do que deveria se orgulhar. Retroceder na demarcação das reservas indígenas, criar ilhas, é nos empobrecer. Porque seria também impor a essas comunidades que têm uma língua diferente, uma cultura diferente, uma economia diferente, uma espiritualidade diferente, a mesmice de sermos todos iguais. Para além das questões jurídicas, tem o empobrecimento do pouco que nos resgata. Plantar arroz faz parte da economia, mas plantar arroz pode ser feito em qualquer terra preparada para plantar arroz. Aquela cultura é só aquela ali. Da mesma forma que a população ocidental olha para Jerusalém como um ponto de referência, eles olham para o Monte Roraima e se identificam como seu ponto de existência no mundo.

E esses cinco anos à frente do ministério lhe rendeu uma vaga na lista do jornal britânico The Guardian sobre as 50 pessoas que podem salvar o planeta. Uma grande honra?
Acho que foi uma lista de 50 pessoas, da ciência, da política, da militância social, do mundo das artes, de todos os setores, exatamente como signos. Para mostrar que a questão é tão ampla, tão complexa, que não pode ser acatada só por ambientalistas, por políticos. Deve ser por toda a sociedade. Elas não estão substituindo a diversidade da sociedade para salvar o planeta. Ela está dizendo que devemos ser todos juntos ao mesmo tempo agora. Me sinto como a fração que representa esse todo ao mesmo tempo agora. Mas muito honrada, sem dúvida.

A senhora que é, claro, um símbolo internacional de preservação do Meio Ambiente, vai levantar essa bandeira agora no Senado, sem dúvida. Mas já tem algum projeto em especial para retomar os trabalhos com essa frente?
A lei de acesso aos recursos genéticos esta tramitando no Congresso há mais de 12 anos e que é fundamental para proteção e uso sustentável da biodiversidade, vai manter a floresta em pé, e buscar novos meios econômicos de nos desenvolver sem derrubar a floresta. Durante os cinco anos que fiquei no governo, batalhei exaustivamente para que houvesse um acordo sobre uma lei de acesso aos recursos genéticos que representasse essa visão atualizada de lidar com diferentes setores no momento de crise ambiental em que estamos vivendo. Infelizmente isso não foi possível. A resistência foi muito grande, mas, como senadora, vou lutar por isso. A agenda do desenvolvimento sustentável é o grande desafio. Não se trata de compatibilizar meio ambiente com desenvolvimento. Trata-se de desenvolver com sustentabilidade e de preservar com desenvolvimento. Política ambiental não se faz com uma melancia na cabeça. Se faz com muito compromisso no coração, boas idéias na cabeça e uma boa capacidade ouvir.

Transcrito do blog do Noblat (http://oglobo.globo.com/pais/noblat/)

Dia Mundial do Meio Ambiente, o Dia da Ecologia


Frei Pilato Pereira

A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada em 1945, tendo como tarefa a segurança mundial através dos direitos humanos, da paz e do desenvolvimento socioeconômico. Naquele período não se fazia nenhuma menção à ecologia. Somente em 1972, com o Clube de Roma, é que se trata mundialmente sobre a situação da Terra. E o balanço feito nesse encontro denunciou uma crise de sistema global do planeta e propôs uma “terapia de limites ao crescimento”. Neste mesmo ano a ONU também organizou um encontro mundial em Estocolmo, na Suécia, que pela primeira vez tratou oficialmente sobre o meio ambiente. Nesta ocasião foi instituído o dia 5 de junho como o Dia Mundial do Meio Ambiente, o Dia da Ecologia. E também foi criado o UNEP (PNUMA) Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Na conferência de Estocolmo se confirmou que o meio ambiente deve estar no centro das preocupações da humanidade, e que o futuro da Terra depende do desenvolvimento de valores e princípios que garantem o equilíbrio ecológico.

Dez anos depois, em 1982, foi publicado, como seqüência desse processo, a Carta Mundial para a Natureza. No ano de 1987, a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o desenvolvimento propôs a idéia do desenvolvimento sustentável. A comissão também sugeriu a Carta da Terra como um instrumento regulador das relações entre o meio ambiente e o desenvolvimento. O trabalho de redação deste documento foi sendo muito bem discutido em âmbito mundial até ser apresentado na Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro, em 1992 (Rio 92). Não havendo consenso, em seu lugar foi adotada a Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Em 1995, no encontro de Haia, na Holanda, foi criada a Comissão da Carta da Terra para realizar uma ampla consulta mundial sobre o assunto. Em 1997 esta comissão foi ampliada, tendo em seu corpo a participação de 23 personalidades mundiais. E o teólogo brasileiro Leonardo Boff é um dos integrantes dessa equipe. Após um primeiro esboço do documento em 1997, no Fórum Rio+5, e um segundo esboço em 1999, o texto foi oficialmente reconhecido em março de 2000 e endossada pela ONU em 2002.

Olhando para nossa história recente, percebemos que nas últimas três décadas já ocorreram muitas conferências, com importantes declarações sobre o Meio Ambiente. Foram vários acordos, tratados, convenções, convênios, protocolos, resoluções, emendas, conferências e etc. Pessoas sérias e comprometidas procuram refletir e buscar soluções para a preservação da vida no Planeta. Mas, parece que a maioria das autoridades, pessoas que detém os poderes, não se empenham dignamente em prol da Ecologia. E as muitas declarações feitas, assumidas e assinadas por grandes autoridades também vão se degradando por causa da irresponsabilidade de quem poderia colocá-las em prática, mas se deixam condicionar por entraves estruturais e burocráticos e por políticas protecionistas.

Depois de tantas e importantes declarações sobre a questão ambiental, o que falta agora, é uma grande e verdadeira Declaração de amor à natureza, ao meio ambiente, à vida. Podemos dizer: uma declaração de amor pela Ecologia, assumida por toda a comunidade humana. Mas, este amor não pode ser declarado apenas nos discursos, nas cartas escritas, nos documentos assinados. O amor pela Ecologia, o amor ecológico, precisa ser declarado em fatos, acontecimentos, atos e gestos concretos que simbolizem um comprometimento real com a vida, com todas as formas de vida que sofrem ameaças. Tem que ser uma história de amor e não apenas um conjunto de declarações. O amor, por ser um sentimento sublime na pessoa humana, deve ir além da sentimentalidade e ser um valor moral e ético que rege as ações e o modo de viver.

Neste Dia Mundial da Ecologia, creio que as circunstâncias nos desafiam a resgatar o amor existente entre nós humanos e a natureza, resgatar nossa fraternidade universal. Como fez São Francisco de Assis em sua vida, o que expressa no Cântico das Criaturas. Precisamos nos reconciliar com a Vida. E para bem celebrar o Dia da Ecologia, também é importante lembrar os passos progressivos que a humanidade vem dando no rumo da sustentabilidade. Mas precisamos nos penitenciar pela lentidão desta caminhada, pela falta de vontade e interesse com que são tratados os problemas da humanidade e do planeta. O desenvolvimento ou o crescimento econômico não deve ser a questão de emergência. O emergencial hoje é ter alimento na mesa de todos, é promover a paz, os direitos da pessoa humana e o cuidado com a natureza. O emergente é a vida clamando por dignidade. E isto precisa ser celebrado neste Dia Mundial da Ecologia e ser vivenciado durante todos os outros dias.

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TSE muda regra sobre coligações para eleições 2008


O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou ontem, por maioria, mudança no critério das coligações entre partidos para as eleições municipais deste ano. Só poderão formar coligação para disputar eleições proporcionais (para vereadores) os partidos que participem de coligação na disputa das eleições majoritárias (para prefeitos).

O julgamento foi interrompido no último dia 27 de maio, quando o ministro Eros Grau pediu mais um tempo para analisar o pedido. Ontem, o ministro votou a favor da mudança seguindo o relator, Ari Pargendler, corregedor-geral do TSE.

A proposta de alteração foi feita pelo ministro Marcelo Ribeiro. A redação anterior permitia a liberação irrestrita para a formação de coligações.

Redação Terra