terça-feira, 3 de março de 2009

Carlos Minc está liberado para invadir estados com Força Nacional


Raoni Ricci
Redação 24HorasNews

O ex-guerrilheiro e hoje ministro do Meio Ambiente do Governo Lula, Carlos Minc, venceu uma “briga” que considera fundamental para agir com veemência contra o desmatamento, principalmente na floresta Amazônia. Desde ontem (2), o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pode convocar a Força Nacional de Segurança Pública para combater os crimes ambientais. Ou seja: se Minc achar que precisa invadir, por exemplo, o estado de Mato Grosso, para coibir um crime ambiental, o governador Blairo Maggi estará de mãos atadas.

Anteriormente, o uso da Força Nacional, que conta com cerca de 500 homens, só poderia ser solicitado por um pedido oficial dos governos estaduais, que deveria ser enviado ao Ministério da Justiça, sob Tarso Genro. O ministro do Meio Ambiente, sempre reclamou da falta de “empenho” de alguns governadores, em regiões onde os índices de desmatamentos eram elevados. Depois de muitos entraves, a legislação foi alterada por Genro.

"Houve casos em que nós queríamos convocar a Força Nacional e não podíamos fazê-lo", lembrou Minc. O ministro citou casos como o ocorrido em Paragominas (PA), no fim de 2008, quando madeireiros incendiaram carros da sede local do Ibama, além de jogar coquetéis molotov no hotel em que estavam os agentes, mas nós não tínhamos poder para pedir a convocação da Força Nacional”, frisou.

Entretanto, algumas ações capitaneadas pelo ministro Minc, com apoio da Força Nacional, deixaram impressões um tanto desagradáveis, principalmente em Mato Grosso, estado que figura há muitos anos entre os principais desmatadores das florestas. A população de Colniza (1.160 Km de Cuiabá), não vai se esquecer tão cedo da “Operação Três Fronteiras”, realizada em outubro de 2008. Os policiais da Força Nacional foram acusados de agir com violência contra proprietários de lotes, demonstrando completo despreparo para agir em tais circunstâncias.

Na época, autoridades do município cobravam mais apoio do Governo do Estado para que pudessem ganhar tempo para regularizar a situação fundiária. O deputado José Riva (PP), hoje presidente da Assembléia Legislativa de Mato Gross, engrossou o coro e exigiu mais empenho de Maggi com a situação caótica de Colniza, completamente acuada pela Força Nacional.

O vice-prefeito da cidade, na ocasião, Carlos Alberto de Souza, confirmava a existência de muitos problemas fundiários, mas que a ação do Ibama com a Força Nacional estava sendo muito rigorosa e em alguns relatos de moradores, até violenta. “Colniza pede paz e socorro as nossas autoridades”, afirmava o vice-prefeito. A preocupação maior, diante da liberdade que se deu ao Ministério do Meio Ambiente, é a união da ousadia do ministro com um possível despreparo das tropas da Força Nacional para trabalhar em combate aos crimes ambientais.