terça-feira, 21 de outubro de 2008

Saneamento e moradia são prioridades em Itapuí


Reeleito com 57,81% dos votos válidos de Itapuí, José Gilberto Saggioro (PPS) elege as áreas de infra-estrutura e habitação como prioritárias para a próxima gestão. Especificamente, o prefeito terá de concentrar esforços para adquirir área e colocar em funcionamento um novo depósito de lixo para a cidade e construir moradias populares.
Há anos, o lixão está saturado e atualmente é um dos piores da região, conforme avaliação da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), e há déficit de cerca de 600 moradias, segundo levantamento feito pela administração.

Na entrevista concedida ao Comércio na manhã de ontem, Saggioro fala ainda sobre o resultado das urnas e o relacionamento com a oposição, que nos últimos anos foi pontuado por brigas e inúmeras denúncias ao Ministério Público, as quais, o prefeito fez questão de frisar, “foram todas arquivadas”. Amanhã, é a vez do prefeito eleito em Barra Bonita, José Carlos de Mello Teixeira (PPS), que obteve 34% dos votos válidos. Veja os melhores momentos da entrevista de Saggioro.

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Resultado das urnas
“As urnas falam o que o povo sente e quer. É resposta que a gente deu para a oposição e reconhecimento do trabalho realizado. Não tem como contestar a opinião do povo, o qual demonstrou que está satisfeito com nosso trabalho. Uma diferença de mil votos (Saggioro teve 3.800 votos contra 2.773 de Amantini) é diferença significativa para uma cidade com 8 mil eleitores. Se tivesse segundo turno, já tinha ga-nho no primeiro, pela maioria absoluta (57,81% dos votos válidos). É um reconhecimento. Isso nos deixa satisfeitos e só aumenta nossa responsabilidade.”

Infra-estrutura
“Temos um problema sério que é o Mar Azul, conseguimos fazer 1/3 do bairro, do asfalto, mas deixamos preparada a rede de esgoto para todo o bairro. Hoje, temos uma estação de recalque, que até o fim do ano será entregue e está pronta para atender todo o bairro. Vai restar o término dos outros 2/3 de galerias de esgoto e asfalto. E vamos atrás de recurso para concluir, como fomos para fazer a etapa concluí-da. Vou novamente recorrer ao Ministério das Cidades e ao governo do Estado.”

Saúde
“Estruturamos a cidade na área da Saúde, tanto que nas pesquisas de opinião popular o que aparecia em primeiro lugar como contentamento é a saúde. Na área, tudo o que se investe é pouco. Temos três equipes de PSF (Programa Saúde da Família) em funcionamento, e agora em novembro vamos entregar um prédio próprio para a unidade no bairro Irmãos Franceschi, a qual atualmente funciona provisoriamente em prédio alugado. Com os PSFs estruturados, que fazem trabalho de prevenção, precisamos aumentar o número de especialistas nas áreas de pediatria, ginecologia e neurologia. Vamos fazer concurso no próximo ano para suprir essas deficiências.”

Prainha
“Quando entrei, elegemos prio-ridades, encontramos vários setores que precisavam urgentemente de investimentos como a Saúde e a Educação. Não tinha como mexer na praia. Hoje, com essas áreas estruturadas, dá para fazer trabalho na praia visando ao turismo, mas com enfoque totalmente diferenciado. Antes, Itapuí funcio-nava como área de lazer na região, só que a cidade não lucrava nada com isso e ficavam somente os problemas, como o lixo e a falta de segurança. Itapuí não via resultado nisso. Esse turismo não é viável. Queremos fazer turismo viável, para isso precisa estruturar, mas não adianta somente a prefeitura fazer sua parte. É preciso firmar parcerias com a iniciativa privada. Não adianta deixar aquilo lindo, maravilhoso, se não temos um hotel nem sequer um bom restaurante na cidade.”

Lixão
“Isso é um grande problema, está saturado. Quando entrei em 2005 estava saturado. Um sistema de valas totalmente errado fez com que a capacidade do terreno, que era para dez anos, se esgotasse em cinco anos. Isso é prioridade. No início do ano, temos esse compromisso de adquirir um novo espaço para o aterro sanitário, é a primeira prioridade. O Ministério Público e a Cetesb estão em cima. Um aterro nos moldes, como prevê os órgãos ambientais, acho meio difícil de a prefeitura conseguir de imediato. O que podemos conseguir é um espaço, um aterro com vala, aí é viável. Acredito que conseguiremos isso até junho do ano que vem, uma porque temos necessidade, outra porque nós não temos onde colocar o lixo.”

Precatórios
“Eterno fantasma que por muito tempo vai incomodar não somente eu, mas muitos prefeitos ainda, pois é um valor exorbitante. Em 2005, o valor do precatório girava em torno de R$ 40 milhões (o orçamento da cidade para 2009 é de cerca de R$ 18,5 milhões). É uma quantia impagável, discutimos a questão dos valores na Justiça. A dívida existe, todos nós sabemos, mas não tem como a prefeitura saná-la, não nesse montante. São mais de dois orçamentos. Temos ainda seqüestrados algo em torno de R$ 520 mil. Isso se encontra em poder da Justiça e faz falta. Só para fazer uma comparação, as obras no Mar Azul custaram cerca de R$ 300 mil.”

Investimentos
“Construção de novas salas de aula (o ensino é municipalizado na cidade até a 4ª série). Investimentos na Saúde. A prefeitura vai ter de comprar a área para o aterro. Mas o que vou concentrar esforços, desde o primeiro dia, é para a construção de casas populares. Atualmente, o déficit habitacional é superior a 600 famílias. Vamos voltar a conversar sobre a compra de uma área (de 2 alqueires, cujo valor inicialmente negociado era de R$ 260 mil, mas técnicos do MP avaliaram em R$ 170 mil), pois os preços propostos pelo MP são questionáveis. Se fizermos a conta e analisarmos em termos de alqueire, vemos que está caro quando comparado à área rural, mas como é área urbana, não está caro. Um alqueire são 24.200 metros quadrados, para se fazer um loteamento, perde-se 50% entre áreas verde e institucional e ruas. Sobram 12.100 metros quadrados, o que dá uma média de 60 moradias em terrenos cuja metragem seja de 10 metros por 20 metros. Se dividirmos R$ 130 mil por 60, chegamos ao valor de cerca de R$ 2 mil por lote. Não se encontra lote nesse valor em Itapuí, o menor preço que se acha na área urbana é em torno de R$ 5 mil.”

Relação prefeitura e Câmara
“Não é mais fácil nem mais difícil governar com a maioria na Câmara. Os vereadores têm de ter compromisso com o povo, não ser oposição pela oposição. O que for bom para a cidade, tem de ser aprovado. Dá uma certa ‘comodidade’ (governar com a maioria na Câmara), pois fica mais fácil o diálogo, o entendimento.”

Prefeito x oposição
“Não tenho nada contra nenhum deles. Nessas eleições, as urnas mostraram quem deveria ficar e quem deveria sair. A resposta do povo foi dada, o povo entendeu que precisava de mudança. Cinco vereadores novos estão entrando e acredito que essas pessoas vêm com outra mentalidade, para trabalhar em benefício da cidade. Isso ficou evidenciado, principalmente para quem liderava a oposição, que não é dessa forma que se faz política. O que foi colocado pela oposição nos quatro anos, denúncias enviadas ao Ministério Púbico, tudo foi arquivado por falta de provas. Chega de fazer oposição pela oposição. Vamos trabalhar unidos, Itapuí já perdeu muito nos últimos anos com brigas entre grupos políticos.Temos de olhar para as urnas e entender o que o povo falou, fazer essa autocrítica, essa análise.”

Fonte: Jornal Comércio do Jahu