domingo, 27 de julho de 2008
Ministério Publico requisita vistoria em aterro de Itapuí
A promotoria de Justiça da Comarca de Jaú solicitou à Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) “urgente vistoria” no aterro de Itapuí e elaboração de laudo sobre o armazenamento do lixo e o provável esgotamento da capacidade do local.
Ação civil pública movida no final de 2005 para que a prefeitura construa aterro sanitário teve decisão favorável na Justiça em Jaú em setembro de 2006. A prefeitura interpôs recurso e o processo aguarda julgamento no Tribunal de Justiça. O promotor de Justiça Jorge João Marques de Oliveira estima que haja decisão até o final deste ano.
Após receber denúncia anônima de que o lixo não era mais enterrado e que o mau cheiro no atual lixão beira o insuportável, Oliveira oficiou na terça-feira a agência ambiental. “Interessa saber, especialmente, se está esgotada a capacidade de armazenamento do aterro ou, se caso negativo, em qual prazo ocorrerá esse esgotamento.”
O gerente da Cetesb em Bauru, Alcides Tadeu Braga, informa que deve enviar técnicos ao aterro nos próximos dias. O atual aterro acumula mais de R$ 90 mil em multas. “De 16 de maio a 3 de junho deste ano, foram quase R$ 24 mil em multas diárias por causa da falta de cobertura do lixo, mas a gente está vendo que não adianta multar, pois isso pode gerar passivo para a próxima administração”, informa Braga.
Terreno
A intenção do gerente da agência ambiental é conversar com o prefeito de Itapuí, José Gilberto Saggioro (PPS), para tentar resolver a questão. A prefeitura, por meio da assessoria de imprensa, tenta negociar a aquisição de área próxima ao atual lixão pertencente ao Grupo Cosan, na estrada vicinal Itapuí-Bariri. Em janeiro do ano passado, o Comércio noticiara essa intenção da administração.
A assessoria de imprensa informou ainda que há 40 dias fora aberta uma nova vala que terá capacidade para receber o lixo produzido na cidade nos próximos seis meses. Em novembro do ano passado, fora divulgado que o Fundo Nacional de Saúde (Funasa) poderia liberar recursos de R$ 580 mil para a construção de um novo aterro sanitário em Itapuí. O projeto, com toda a documentação, está aprovado pela instituição.
O Comércio esteve na manhã de ontem no aterro em Itapuí e constatou grande quantidade de lixo a céu aberto. O acúmulo favorecia a permanência de poças de água suja, além da existência de animais mortos e muitos urubus.
Homem “mora” no local
Cesarino Clemente, 52 anos, nasceu em Pederneiras, mas vive há pelo menos nove no lixão de Itapuí. Tira o sustento da venda de lixo reciclável que chega misturado ao lixo orgânico. Clemente diz não se importar com o cheiro e a presença de animais, principalmente urubus.
“Aqui é melhor do que na cidade. Não vem ninguém para te atormentar e você vive tranqüilo”, afirma Clemente, sentado na cama improvisada em um cômodo feito com tapumes de madeira enquanto faz um cigarro.
Questionado sobre a solidão, uma vez que há mais de um ano um companheiro com quem dividia a moradia improvisada foi para outra cidade, Clemente mostra o rádio a pilha. O homem faz a própria comida em um fogão improvisado e cria galinhas.
Fonte: Jornal Comércio do Jahu
Bianca Zaniratto
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