terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Embrapa desenvolve motor movido a lixo e sobras da agricultura


O pesquisador da Embrapa Luiz Guilherme Wadt fala sobre o motor multicombustivel, apresentado pela estatal durante o Congresso Mundial de Engenharia

Ivan Richar

Brasília, DF - Um motor que utiliza até lixo e sobras da agricultura como combustível para funcionar. Essa foi uma das novidades apresentadas por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na Exposição Tecnológica Mundial (Expowec 2008), realizada em Brasília. O evento terminou sábado (6/12).

De acordo com o pesquisador da Embrapa, Luiz Guilherme Wadt, o equipamento poderia ser uma boa ferramenta para conciliar a produção de energia elétrica à preservação do meio ambiente.

“É um motor de combustão externa, ou seja, a fonte de energia que faz ele trabalhar fica do lado de fora. Com isso, pode-se usar qualquer tipo de combustível, como o biodiesel, etanol, resíduos da agricultura, madeira, carvão, combustíveis fósseis como carvão mineral e derivados de petróleo”, explicou.

Segundo o pesquisador, restos de animais oriundos da criação de frangos e dejetos da criação de porcos também poderiam ser utilizados como fonte de combustível do motor. O funcionamento consiste em equilibrar ondas de calor e frio que fazem os pistões funcionarem de forma constante.

“Imagine uma casa no campo em que um agricultor de baixa renda more lá e não tenha energia elétrica. Ele poderia ter um pequeno motor desse colocado no fogão de lenha. Enquanto a dona de casa faz a comida, esse motor geraria energia suficiente para carregar a bateria que, mais tarde, propiciaria que ele tivesse iluminação na casa”, exemplificou Wadt, ressaltando que o motor não serviria para uso em automóveis e caminhões.

“É um motor que tem algumas características próprias. Ele não serviria para o uso automotivo. Ele tem o torque constante, ou seja, faz força sempre do mesmo jeito e na mesma velocidade”, afirmou.

“Ele é muito útil para um duplo gerador produzindo energia elétrica, para movimentar uma bomba d’água, em sistemas de ventilação, como em granjas, em sistemas de troca de calor, como nos aparelhos de ar condicionado. Porque ele sempre vai trabalhar na mesma velocidade e na mesma potência”, complementou o pesquisador.

A principal preocupação com o desenvolvimento do novo motor, disse Wadt, é a preservação do meio ambiente. “A nossa visão é a de aproveitar os resíduos. Aquilo que ia ser jogado fora, de repente, pode ser usado como combustível. Então, não estamos preocupados com o uso nobre do combustível. Quando se tem um bom combustível, como o etanol, claro que será usado em um motor automotivo. Nesse, vamos aproveitar os resíduos, que iriam para o lixo ou para o meio ambiente”, destacou.





Fonte: Agência Brasil.

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