sábado, 28 de fevereiro de 2009

Itapuí terá que enviar o lixo a 150 km da cidade


Itapuí – Com o fim do prazo provisório de doze dias em que o lixo estava sendo levado para Bocaina e sem acordo com a Secretaria do Meio Ambiente, a Prefeitura de Itapuí (44 quilômetros de Bauru) terá de buscar a saída mais onerosa para recolher os resíduos: enviá-los, a partir de segunda-feira, para Guatapará, a 150 quilômetros da cidade.

A prefeitura está em contato com uma empresa do setor sucroalcooleiro para adquirir um terreno para destinar o lixo produzido na cidade. Na última semana, a Secretaria do Meio Ambiente do estado informou que não teria verba para adquirir um terreno para o município. Porém, garantiu a possibilidade de liberar a licença do funcionamento do aterro em no máximo 30 dias após ser adquirido um local para destinar o lixo. “A prefeitura está buscando comprar um terreno sem desapropriação e a expectativa é solucionar o problema definitivamente”, disse o prefeito José Gilberto Saggioro (PPS). “Em março deve ter o terreno e no máximo em abril a situação deve ser resolvida”, completou o consultor da prefeitura Germano Camargo.

Até hoje a coleta de lixo vai temporariamente para Bocaina. Uma média de 16 toneladas diárias de lixo é recolhida na cidade de 12 mil habitantes de segunda a sábado. A partir de segunda-feira, no entanto, termina o “empréstimo” de Bocaina e os resíduos deverão ser levados para Guatapará, na região de Ribeirão Preto. Caminhões da empresa passarão a buscar o lixo em Itapuí, o que deve custar cerca de R$ 30 mil mensais.
Fonte: Jornal Cidade de Bauru

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Ano Polar confirma degelo no Ártico e na Antártida



Agora é oficial: o Ártico e a Antártida estão esquentando mais rápido do que se imaginava e seus mantos de gelo, especialmente o da Groenlândia, estão derretendo sob influência do aquecimento global. As conclusões são do maior esforço de pesquisa já feito sobre as regiões polares, que envolveu mais de 10 mil cientistas de 60 países, incluindo o Brasil.

Um relatório preliminar divulgado ontem em Genebra, que encerrou esse esforço de pesquisa, o 4º Ano Polar Internacional, afirma que "parece certo agora que tanto o manto de gelo da Groenlândia quanto o da Antártida estão perdendo massa e portanto aumentando o nível do mar, e que a taxa de perda de gelo na Groenlândia está crescendo".

O degelo acelerado dos polos é uma das maiores incertezas nos modelos do aquecimento global. Se derretidos, o oeste da Antártida e a Groenlândia elevariam o nível do mar em vários metros, o que seria desastroso para a humanidade.

No entanto, como o comportamento das geleiras antárticas e árticas é muito complexo, até agora tem sido impossível estimar a contribuição total do degelo polar para o nível do mar no futuro (no leste da Antártida, por exemplo, o gelo parece estar aumentando).

Essa questão ficou sem resposta no último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática), o comitê de climatologistas da ONU, que previu uma elevação de "modestos" 59 cm no nível global dos oceanos até o fim deste século.

Responder se os polos estão ou não perdendo gelo era um dos principais objetivos do Ano Polar Internacional, que começou em 2007 e termina em março. Num esforço de cooperação internacional sem precedentes e com US$ 1,5 bilhão de financiamento, cientistas usaram técnicas como medições por satélite de mudanças na elevação e nos campos gravitacionais dos mantos de gelo.

O resultado não é a última palavra sobre o assunto, mas as pesquisas feitas durante o Ano Polar indicam um balanço de massa negativo, ou seja, mais gelo é perdido do que o que se acumula por precipitação de neve. "Acho que os especialistas discordariam de um cenário de derretimento repentino, instantâneo ou catastrófico", disse à reportagem David Carlson, coordenador científico do Ano Polar Internacional.

"Mas acredito que eles dirão que observam uma aceleração do degelo, de forma que poderíamos observar efeitos substantivos no nível do mar em várias décadas ou um século, em vez de vários séculos."

Dados obtidos por navios oceanográficos na Antártida, boias equipadas com termômetros e até mesmo elefantes-marinhos com instrumentos amarrados na cabeça mostram que o oceano Austral está esquentando mais depressa que o restante dos oceanos do planeta.

Segundo o relatório divulgado ontem, há sinais de que o aquecimento global está afetando a Antártida de maneiras "insuspeitada". Ian Allison, um dos coordenadores do Ano Polar Internacional, disse que a primeira região a sentir o efeito das mudanças na Antártida será a América do Sul.

As informações são da Folha Online.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Homem da Meia-Noite sai em defesa do meio ambiente pelas ruas de Olinda


Olinda - Carnaval só começa mesmo depois que ele passa. As roupas e o estilo são um dos segredos mais bem guardados da festa em Olinda. À zero hora em ponto de domingo, o Homem da Meia-Noite sai do seu clube, na Rua Bonsucesso, para encantar os moradores e turistas.

Este ano, cerca de 500 mil pessoas já esperavam o boneco gigante na praça, mesmo debaixo de muita chuva. Para esta edição, algumas novidades: o gelo seco e os fogos de artifício.

A dona-de-casa Rosilda Alves chegou cedo para conseguir um bom lugar para o encontro.

“Ah, menina, esse homem, todo mundo fica encantado. Ele tem o segredo de ser um gentleman. Quando ele sai à meia noite e se vira para as mulheres, sai cumprimentando a todas nós com aquele ar de gentleman. Isso que deixa a gente emocionada. Acompanho há 25 anos. Quer chova, quer faça sol, eu estou aqui.”

Este ano, o Homem da Meia-Noite saiu com um fraque ecológico, com motivos ambientais, para defender a preservação da natureza. O tema, segundo o diretor do clube, Luiz Adolpho, atualiza a missão social do boneco gigante, que completou 77 anos no dia 2 de fevereiro, dia de Iemanjá.

“Nosso tema é referente à natureza que está tão desgastada, maltratada. Nada melhor do que juntar o gigante da meia noite com o gigante da natureza para fazer essa homenagem”, explica Adolpho, há sete anos à frente da direção do clube.

“Agora, como é meu último ano de gestão, eu fiz uma avaliação de que setor tinha nos ajudado mais. E vimos que foram os meios de comunicação. Por isso, eles também estão sendo homenageados. Nada melhor do que juntar o gigante da meia noite, com o gigante da natureza e da comunicação para fazer essa grande festa.”

Um dos comunicadores homenageados pelo Homem da Meia-Noite no carnaval deste ano é o radialista Ednaldo Santos. Ele é conhecido por ser um dos únicos comunicadores da cidade a produzir e apresentar um programa só com música pernambucana, frevo, maracatu e caboclinho. Ednaldo defende mais espaço para a produção regional nos meios de comunicação.

“O comunicador atual deveria estar mais ligado à cultura da sua terra. Há até, o que é um absurdo, uma certa discriminação quando se fala em tocar frevo. As pessoas falam que é uma música de época, que só deve se tocar no período de carnaval. Mas você chega nessa época e você ainda tem restrições de alguns veículos de comunicação, que não tocam frevo. Isso tem que mudar definitivamente.”

O funcionário público Pedro Garrido da Silva, conhecido como Pedro Mangabeira, é o carregador oficial do Homem da Meia-Noite há 20 anos. Além de muita honra, ele conta que a missão exige tranqüilidade e senso de humor.

“O segredo pra levar o 'homi' é muita responsabilidade na hora, tranquilidade e os preparativos na semana pré-carnavalesca para fazer a animação dos foliões. As mulheres querem beijar, tocar, e as crianças só dormem depois que ele passa. O percurso dele todinho é só de emoção.”

O clube do Homem da Meia-Noite foi transformado em Ponto de Cultura Nacional há dois anos. Segundo o vice-presidente do clube, Paulo Botelho, os recursos repassados pelo Ministério da Cultura têm financiado oficinas de dança e música para as crianças e jovens de Olinda.

“O Ponto de Cultura foi importante para dar sustentação a esse projeto social com 60 crianças. Os blocos têm o costume de só ter grana na época do carnaval. Com o ponto, deu pra gente dar uma respirada e ter grana durante o ano todo.”

O Homem da Meia-Noite e outros bonecos gigantes continuam a desfilar em Olinda até a Quarta-Feira de Cinzas. Na terça-feira (24), acontece a 22ª edição do grande encontro de bonecos gigantes da cidade.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Cetesb interdita aterro de Itapuí por falta de licença


Alcir Zago
alcir@comerciodojahu.com.br
Priscila Donato
prisciladonato@comerciodojahu.com.br

A agência de Bauru da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) interditou na manhã de ontem o aterro de Itapuí. Os motivos são falta de licenciamento e má operação. O prefeito José Gilberto Saggioro (PPS) diz que vai se reunir com o órgão ambiental para discutir o assunto.
A situação do depósito de resíduos sólidos de Itapuí é tão crítica que a companhia o classifica como vazadouro. “Aterro sanitário é licenciado, tem projeto”, explica o gerente da Cetesb de Bauru, Marcelo Antunes Ribeiro.
Segundo ele, vazadouro é o local onde se despejam resíduos sólidos sem a adoção de medidas de proteção ao meio ambiente.
Ribeiro diz que o aterro de Itapuí está em situação irregular porque não tem licenciamento. Outros problemas são a ausência de cobertura do lixo e a presença de catadores. O gerente informa que a interdição é definitiva. “Emergencialmente terão de levar o lixo para aterro licenciado na região”, diz. “Depois terão de providenciar uma nova área e fazer o licenciamento.”
Em 2005 o aterro de Itapuí já estava com sua capacidade esgotada. Há quatro anos o promotor de Justiça da Comarca de Jaú, Jorge João Marques, ingressou com ação civil pública contra o município para que fosse obrigado a fazer, em seis meses, um novo aterro. A Justiça a julgou procedente a ação em setembro de 2006. O município recorreu ao Tribunal de Justiça em novembro de 2007. O processo aguarda julgamento.
O prefeito de Itapuí, José Gilberto Saggioro, por meio da assessoria de imprensa, diz que tentará marcar reunião emergencial com a Cetesb para discutir solução para o problema. Informa também que solicitou recursos do governo estadual para a instalação de novo aterro, mas não obteve retorno.

Fonte: Jornal Comercio do Jahu

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Ministério do Meio Ambiente abre 200 vagas para agente administrativo


O Ministério do Meio Ambiente (MMA) abriu novo concurso público com oferta de 200 oportunidades para o cargo de agente administrativo, que exige formação de nível médio. A seleção será elaborada pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB). As informações podem ser encontradas no Diário Oficial da União, na página 89 da terceira seção.

Os candidatos inscritos deverão passar apenas por avaliações objetivas, com questões sobre conhecimentos básicos e específicos. Esta etapa, de caráter eliminatório e classificatório, deve ser aplicada no dia 5 de abril, apenas no Distrito Federal. A remuneração prevista é de R$ 1.947, em regime de 40 horas de trabalho semanais.

Quem tiver interesse em participar pode entrar no site www.cespe.unb.br/concursos/mma2009 e efetuar a inscrição dos dias 20 de fevereiro a 8 de março. A taxa de participação é de R$ 57. Aqueles que não tiverem acesso à rede podem se cadastrar nos computadores disponibilizados pela empresa organizadora na UnB, Centro Universitário Darcy Ribeiro, ICC, ala norte, mezanino, Brasília/DF.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Lula se reúne com novos prefeitos e prefeitas dias 10 e 11


O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, abre na terça-feira (10) no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, o Encontro Nacional com Novos Prefeitos e Prefeitas, convocado pelo Palácio do Planalto. O presidente quer debater com os dirigentes municipais recém- eleitos sobre temas importantes que preocupam o povo brasileiro como o desmatamento na Amazônia, a mortalidade infantil, o analfabetismo, o sub-registro civil e o combate à pobreza, entre outros. O objetivo é aproximar o governo federal dos novos gestores municipais e reafirmar a relação de respeito e diálogo.

O encontro está programado para dois dias (10 e 11) e é esperado um público de 10 mil pessoas, entre prefeitos, prefeitas e assessores. Durante o período, serão apresentados aos prefeitos e prefeitas eleitos os principais programas federais que já contribuem para a solução dos problemas brasileiros. Aos participantes, o presidente da República vai dizer que "não importa o tamanho da sua cidade, você vai encontrar no governo federal um parceiro para cumprir o compromisso de uma gestão municipal de qualidade, que promova a inclusão social".

O Ministério do Meio Ambiente participa do encontro no dia 11 com palestras nos principais painéis e em oficinas paralelas. No dia 11, das 14h30 às 16h, Minc participa da oficina Amazônia: Opções para a produção rural sustentável. A oficina tem como proposta incentivar os novos gestores da Amazônia Legal a implementarem políticas públicas integradas com os governos federal e estaduais voltadas à transição do modelo produtivo no meio rural para a sustentabilidade.

Em sua palestra, o ministro do Meio Ambiente vai falar sobre Fazer e ser diferente com a produção sustentável. Vai também apresentar os compromissos do Plano Nacional Sobre Mudança do Clima e o controle do desmatamento; as alternativas no plano normativo, com o Cadastramento Ambiental Rural e ZEE; o Fundo Amazônia, FNMA, Pagamento por Serviços Ambientais e Pró-recuperação e Concessão Florestal e Ecoturismo. A oficina terá a participação dos ministros Reinhold Stephanes, da Agricultura, e Guilherme Cassel, do Desenvolvimento Agrário, e do presidente do Banco da Amazônia, Abidias José de Souza Júnior.

Em seguida, às 16h, o ministro Carlos Minc, participa do Painel PAC - Habitação e Saneamento Ambiental: parceria com os municípios do Brasil. O debate terá a participação do ministro das Cidades, Márcio Fortes, da presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, e do presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Danilo Forte. Alguns prefeitos estarão presentes para oferecer depoimento sobre experiências municipais bem-sucedidas.

O MMA participa ainda do encontro por meio de duas outras oficinas. A primeira delas está marcada para as 8h30 do dia 11 e vai tratar o assunto: Políticas públicas de resíduos sólidos urbanos e apoio a auto-organização dos catadores e materiais recicláveis. O diretor do Departamento de Ambiente Urbano do MMA, Silvano Silvério, participa como palestrante e vai discorrer sobre A Política Nacional de Resíduos Sólidos / Instrumentos (responsabilidade do gerador/benefícios aos catadores); sobre a Lei de Saneamento Básico; a Regionalização e Gestão Associada e Integrada dos Resíduos Sólidos Urbanos e sobre o Licenciamento Simplificado de Aterro de Pequeno Porte.

A outra oficina vai tratar dos Consórcios Públicos: um instrumento de cooperação federativa para o desenvolvimento do Brasil. O evento está marcado para as 10h30 e terá como objetivo incentivar prefeitos e prefeitas para a formação de consórcios públicos. O diretor de Ambiente Urbano do MMA falará sobre Consórcios Públicos para Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - experiência do Ministério do Meio Ambiente.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

É possível


Marina Silva
De Brasília (DF)

Encerrado o Fórum Social Mundial de Belém, o próximo deverá ser descentralizado e somente em 2011 teremos outro encontro do porte deste, do qual participaram 130 mil pessoas, imbuídas da certeza de que um outro mundo é possível. E de que ele surgirá da rejeição dos modelos estabelecidos e da capacidade de estruturar propostas, espaços e processos inovadores e movidos por valores de justiça, equidade e equilíbrio social e ambiental.

É difícil fazer um balanço, ou melhor, talvez não caiba um balanço para algo cuja marca é a diversidade de idéias, conhecimentos, culturas, idades, condição econômica, nacionalidades, línguas. Talvez seja mais adequado apenas transmitir algumas impressões do que me foi dado vivenciar e observar nesses dias em Belém, dentro da vasta agenda de eventos simultâneos do Fórum. Participei de vários debates e o que mais me chamou a atenção foi o grande interesse da juventude por temas ligados ao meio ambiente. No último, sobre crise ambiental planetária e mudanças climáticas, juntamente com o professor Leonardo Boff e o indiano Vinod Reida, o auditório lotado de maioria jovem ouviu em postura silenciosa e concentrada e, pela reação ao final, demonstrou sua mobilização e compromisso com o tema.

Ao mesmo tempo, quando os participantes eram mais diversificados, observei que não havia diferenciação nem de idade nem de situação econômica e nem de origem ou cultura, na preocupação em entender a crise ambiental planetária e, principalmente, em fazer alguma coisa. E, embora esse fazer ganhe inúmeras traduções, a depender da visão social e das possibilidades de cada pessoa, senti a força da disposição concreta para o agir agora.

Não se trata de um discurso sobre o inatingível e inalcançável, de uma dimensão além do alcance de cidadãos comuns. Há um entendimento de que a cada um é possível, sim, dar uma contribuição. Como se um dissesse: eu já faço algo, mas como posso fazer mais? E o outro respondesse: ainda não estou fazendo, como posso começar a fazer?

Mas também há consciência clara de que é insubstituível o papel de governos, instituições multilaterais, grandes empresas e outros atores cujo porte os faz responsáveis por desencadear ações com o impacto necessário a catalisar as iniciativas da sociedade e estabelecer novos padrões e paradigmas. É uma pena que a maioria dos políticos e das estruturas de poder não esteja antenada para essa energia. Enredam-se em saídas velhas para a crise econômica, não reconhecem a dimensão da crise ambiental, não vêem como as duas são inseparaváveis e se perdem em discursos igualmente velhos.

Saí do Fórum segura de ter tido a oportunidade de constatar, por uma boa amostragem - a das pessoas engajadas ou dispostas a um engajamento maior e, portanto, prontas para multiplicar suas inquietações e conhecimentos - que a inserção do tema ambiental está mudando em todos os segmentos sociais. Deixa de ser um campo restrito para capilarizar-se no cotidiano e ganhar lugar essencial nos acontecimentos da vida coletiva e individual. Meio ambiente já tem a visibilidade de uma nova força mobilizadora. O maior exemplo foi a maneira integrada como a crise econômica e a crise ambiental fundiam-se nas falas e manifestações nos diferentes eventos.

Tive, inclusive, a sensação de que a própria situação mundial de aumento de incertezas faz com que as pessoas reposicionem suas referências. O pragmatismo dá lugar aos valores e aos sonhos, os únicos sólidos o suficiente para ancorar a esperança. Pode parecer um paradoxo, porque os sonhos poderiam ser vistos justamente como algo intangível, etéreo, sem substância para nos ancorar, mas creio que acontece o contrário. É nesses momentos que percebemos o quanto as bases materiais da sociedade são inseguras, voláteis, imediatistas e geradoras de cultos a ilusões desprovidas da profundidade de que precisamos para direcionar a vida e lhe dar sentido.

Estamos numa conjuntura propícia a essa busca na qual nos questionamos e encontramos disposição para mudar. E é nessa conjuntura que a defesa do meio ambiente deixa de ser uma militância marginal e específica para se inserir no centro da construção de alternativas de organização social e econômica que representem um avanço real diante do fracasso do modelo consumista, utilitarista e excludente que nos levou aos impasses atuais.

Assim, é importante não se deixar levar por notícias que acabam dando uma visão folclorizada do Fórum, como se fosse um reduto de malucos, radicais e retóricos. É que, ao contrário de Davos, onde o recorte do poder é condição para sentar-se à mesa, o Fórum é amplo, aberto, e só exige a disposição para mudar o mundo. Utopia? Felizmente, sim.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Supermercado inova com cobrança por sacolinhas


Elas são companheiras fiéis em quase todas as compras. Brancas ou coloridas, as sacolas plásticas fazem parte do dia-a-dia do consumidor. Seu uso tornou-se tão comum que poucos param para pensar para onde elas vão quando são descartadas pelos usuários. A resposta muitas vezes assusta. Como são feitas de material não biodegradável, elas levam séculos para se decompor e podem causar prejuízos ao meio ambiente. Segundo ambientalistas, 90% de todo o plástico produzido no mundo ainda se encontra no meio ambiente e entope tubulações de águas pluviais, agrava enchentes e asfixia o solo.
Pensando numa saída para reduzir o consumo das sacolinhas plásticas, os supermercados vêm investindo em alternativas para os consumidores. Alguns oferecem embalagens confeccionadas com materiais ambientalmente corretos como papel, papelão e plásticos oxi-biodegradáveis, enquanto outros cobram pelas sacolinhas, uma forma de incentivar os consumidores a levarem suas próprias sacolas para transportar as compras.
A medida não agradou a todos os consumidores. Muitos reclamam da cobrança, visto que a doação das sacolinhas é um brinde comum em todo o comércio. Porém, agradável ou não, a iniciativa está se tornando cada vez mais popular.
Em Rio Claro, uma rede de atacado recentemente instalada no município trouxe a novidade para a cidade. A loja cobra R$ 0,12 por sacolinha utilizada pelo consumidor. No entanto, a sacola fornecida é maior e confeccionada com um material mais resistente que as embalagens comuns. Além das sacolas plásticas, o mercado oferece outros dois modelos de sacolas retornáveis, em algodão e nylon, com custo de R$ 3,90 e R$ 7,90, respectivamente.
Como acontece com toda novidade, sempre há resistências iniciais. De acordo com o gerente do atacado, Moisés de Oliveira Leme, alguns clientes reclamam, mas acabam entendendo que essa prática segue uma tendência mundial. "As pessoas reclamam, mas acabam entendendo o conceito", comenta Leme.
Segundo ele, a medida atende o lado social e o comercial, já que reduz os custos e incentiva o consumidor a evitar o uso de sacolas plásticas, ajudando o meio ambiente. A prática é uma norma seguida por todas as 30 lojas da rede. "Alguém tem que começar", declara Leme. "Acredito que num futuro próximo essa será uma tendência mundial", acrescenta.
O gerente explica que quem não quiser comprar as sacolas tem a opção de levar sua própria embalagem ou ainda fazer uso das caixas de papelão disponibilizadas pelo estabelecimento. Ele conta que parte da renda obtida com a venda das sacolinhas é doada para uma entidade filantrópica, no caso a AACD.
Leme salienta que a medida não encontrou muita resistência por parte dos consumidores. A iniciativa da rede em incentivar a redução do consumo das sacolas plásticas rendeu à loja a obtenção de um selo verde fornecido por uma entidade ambiental.
A prática adotada pela loja já está promovendo uma reação em cadeia. Além de educar o consumidor sobre a importância de preservar o meio ambiente, os fornecedores da loja também começam a manifestar o desejo de se engajar nessa luta. O gerente conta que alguns fornecedores já estudam a possibilidade de confeccionar suas embalagens com material biodegradável, um prenúncio claro de que eles estão se moldando ao momento.
A prática adotada pela loja de Rio Claro está sendo repetida pela maioria das grandes redes de supermercado e atacado em todo o País. Há municípios brasileiros em que até mesmo existem leis proibindo o uso de sacolas plásticas nos supermercados. A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou projeto de lei (534/2007) do deputado Sebastião Almeida (PT) que obrigava os supermercados a usarem embalagens plásticas oxi-biodegradáveis, mas o projeto foi vetado pelo Executivo.