terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Comemorando 14 anos de atuação, Vidágua inaugura novo Viveiro de Mudas Nativas em Ilha Comprida


Viveiro, financiado pelo programa Clickarvore, vai produzir 400 mil mudas por safra

A necessidade de recuperação das matas ciliares do Vale do Ribeira, somado ao trabalho que o Instituto Ambiental Vidágua vem desenvolvendo na região e ao programa Clickarvore (www.clickarvore.com.br), resultaram no novo “Viveiro de Mudas Nativas de Ilha Comprida – Manejo Agroecológico”, que será inaugurado dia 19 de dezembro.

O projeto para implantação do Viveiro teve início em abril deste ano e se concretizou agora, marcando também os 14 anos de atuação do Vidágua. Com financiamento do programa Clickarvore, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Ambiental Vidágua, será possível plantar 1,2 milhão de mudas nos próximos três anos, contribuindo também para a preservação da Mata Atlântica.

O engenheiro florestal Marcos Diniz, responsável pelo novo viveiro, destaca que a produção vai sanar não só a carência de mudas, mas a de mão-de-obra. Serão cerca de nove pessoas atuando no viveiro, entre técnicos, estagiários e viveiristas. Com uma capacidade de produção de 400 mil mudas por safra, possibilitando recuperação de 240 hectares por ano, o viveiro conta com a diversidade mínima de 80 espécies, conforme resolução da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, e deve adquirir uma produção auto-sustentável.

O novo viveiro será aberto para visitação e a expectativa é de poder sediar um Centro de Educação Ambiental de Ilha Comprida já no próximo ano.

A inauguração oficial do "Viveiro de Mudas Nativas de Ilha Comprida - Manejo Agroecológico" está marcada para dia 19 de dezembro, a partir das 10h, com a presença de autoridades, parceiros e interessados, integrando o calendário de comemoração dos 14 anos do Vidágua. O Viveiro fica na Estrada da Vizinhança, em Balneário Sarnabi, 480.

E o Viveiro já tem programação para 2009. O barracão de armazenamento de materiais e insumos será construído com técnicas de bioarquitetura, através de oficina e mutirões. Está agendada uma oficina no espaço do Viveiro, com duração de sete dias, que vai ensinar técnicas de construção sustentável, com baixo impacto ambiental e custos operacionais reduzidos.


Entre as ações da oficina está a confecção do tijolo de adobe - blocos de terra-crua moldados em fôrmas por processo artesanal ou semi-industrial, que não acarreta em desmatamento nem emissão de gás carbônico na atmosfera como os tijolos cozidos. A oficina ainda vai ensinar e aplicar reboco e pintura naturais, taipa-de-mão, espiral de ervas, hortas e pomares.

A programação completa, o cronograma de atividades e as inscrições estarão disponíveis no site do Vidágua a partir de 5 de janeiro.


Vale do Ribeira

A maior área contínua de Mata Atlântica do país está no Vale do Ribeira.Cerca de 76% da área ainda está coberta por remanescentes originais - são mais de 2,1 milhões de hectares de florestas, 150 mil de restingas e 17 mil de manguezais, abrigando o mais conservado banco genético das regiões Nordeste, Sudeste e Sul e a mais importante reserva de água doce dos dois estados.

Mas a região amarga um desmatamento de 30 a 94% entre os municípios do Vale, de acordo com o Relatório da Situação Socioambiental, organizado pela Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Socioambiental.

E grande parte dos índices de desmatamento da região advém da degradação ambiental das APPs (Áreas de Preservação Permanentes), em especial as matas ciliares do rio Ribeira de Iguape e seus afluentes.

Para mudar este panorama, o Vidágua desenvolve desde o início de 2007, em parceria com o Instituto Socioambiental, a Campanha Cílios do Ribeira (www.ciliosdoribeira.org.br), que envolve mais de 40 instituições públicas e segmentos sociais locais, em ações estratégicas para proteção das águas e reversão do quadro de degradação da Bacia Hidrográfica do rio Ribeira de Iguape, com trabalhos voltados, principalmente, para o plantio de mata ciliar. A secretária executiva do Vidágua, Ivy Wiens, reconhece que o novo viveiro tem papel-chave para a continuidade da Campanha Cílios do Ribeira, que existe há 2 anos e ainda dispõe de mais de 10 hectares para reflorestamento. Mas ela conta que o projeto vai além. "O Vale do Ribeira apresenta grande potencial de geração de renda a partir da sua riqueza em recursos naturais".

O engenheiro florestal Marcos Diniz concorda e acredita que os trabalhos serão integrados. “A idéia do Viveiro é justamente potencializar estas riquezas, produzindo mudas nativas de Mata Atlântica e oportunizando plantios por toda a região”.


14 anos de atuação

O Vidágua foi fundado oficialmente em 29 de dezembro de 1994, em Bauru (SP), e desde então, vem desenvolvendo projetos para preservação ambiental, se estabelecendo em dois biomas principais: Cerrado, na região de Bauru, e Mata Atlântica, no Vale do Ribeira.

"2008 foi um ano de amadurecimento", resume Ivy Wiens, secretária executiva do Vidágua. Ela conta que a Campanha Cílios do Ribeira (www.ciliosdoribeira.org.br), realizada na região do Vale do Ribeira, deu muita visibilidade para o Instituto. "Sempre atuamos com educação ambiental, mas a Campanha deu uma nova dimensão ao nosso trabalho com o contato com produtores, parceiros, prefeitura", explica, dando o exemplo do apoio que o Vidágua conquistou para a construção do novo viveiro de mudas, em Ilha Comprida.

Outro destaque desse ano, para Ivy, foi a participação do Vidágua na aprovação do Plano Diretor de Bauru e fortalecimento do Movimento pela Preservação da Floresta Urbana Água Comprida. Ivy também lista a Campanha Água e Floresta e a aprovação de dois projetos diagnósticos das APPs (Áreas de Preservação Permanente) das bacias hidrográficas Tietê-Jacaré e Tietê-Batalha. "Atuar no Plano de Bacia foi uma das grandes ações do Água e Floresta", acredita.

Ivy também lembra que foi neste ano que o Vidágua ganhou um escritório como sede, no Centro, conseguiu atingir mais pessoas com o evento cultural Fuá com Batuque, atuou intensamente pelo projeto Meros do Brasil (www.merosdobrasil.org), patrocinado pela Petrobras, fortaleceu o Coletivo Educador e criou e manteve atualizações diárias no blog VidÁgua & Floresta (www.vidaguaefloresta.blogspot.com).

Já se tratando em Educação Ambiental, 2008 fica marcado pelo curso que o biólogo e geógrafo do Vidágua, Ivan de Marche, ministrou neste segundo semestre. Para ele, a parte rica do curso esteve na diversidade dos alunos. Eram estudante de Educação Física, enfermeira, aposentado, jornalista e advogado numa faixa etária que se estendia de 25 a 70 anos. “Olhares tão diferentes sobre a questão ambiental permitiu ricas discussões durante o curso e também vivências interessantes na parte prática", conta, referindo-se às visitas em locais menos conhecidos como a Estação Ecológica Sebastião Luiz Aleixo.

Entre os projetos que acontecem todo ano, Ivan destaca o Vivência Ecológica, em prática desde 1997. As palestras ainda são a maior demanda na Educação Ambiental, mas Ivan acredita que as visitas e encontros ambientais chamam muito mais à atenção. "A Educação Ambiental é efetiva quando faz parte de toda ação".

Permear todas as ações com a sensibilização ambiental é a grande busca do Vidágua e foi a maior conquista deste ano. “E que seja dos próximos...”, finaliza o ambientalista.

Para saber mais sobre os projetos do Vidágua, acesse:

www.vidagua.org.br
www.merosdobrasil.;org
www.ciliosdoribeira.org
www.clickarvore.com.br
www.vidaguaefloresta.blogspot.com

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